Cientistas descobriram uma grande fonte de emissão de carbono

Esta vai para a lista de más notícias sobre a mudança climática: as represas e reservatórios que usamos para gerar energia elétrica e irrigar plantações aparentemente emitem carbono. Muito carbono. Reservatórios artificiais liberam cerca de uma gigatonelada de gases de efeito estufa todos os anos. Esse número é maior do que as emissões de todo o Canadá.
Cientistas interessados em quantificar a emissão de carbono têm observado os reservatórios artificiais desde os anos 2000. A maior parte dos estudos feitos até agora focaram num único tipo de reservatório – aqueles usados para a produção de eletricidade, por exemplo – e apenas um ou dois dos gases que causam o efeito estufa. Agora, pesquisadores da Universidade do Estado de Washington sintetizaram pesquisas prévias para examinar uma maior variedade de reservatórios e moléculas que retêm o calor. A análise que fizeram, que será publicada na semana que vem na revista Bioscience, revela uma conclusão preocupante.

Todos os reservatórios, desde aqueles usados para a geração de energia, até para o controle de irrigação, são responsáveis por 1.3% da emissão global de carbono. O número é muito maior do que as estimativas feitas anteriormente. O principal culpado, de acordo com o estudo, é o metano.

“Nós sabíamos que o metano poderia ser importante, mas ficamos surpresos ao ver o quão importante ele é” disse o autor do estudo Bridget Deemer em um comunicado. “Ele contribui com cerca de 80% em relação aos outros gases dos reservatórios.”

O metano é um gás de efeito estufa muito potente, com potencial 84 vezes maior de aquecimento do que o CO2. O motivo pelo qual os reservatórios abrigam esses gases tem a ver com a forma com que são construídos. Quando solos ricos em carbono são inundadas, eles ficam rapidamente sem oxigênio, o que promove o crescimento de microorganismos que respiram CO2 e produzem metano como subproduto. É o mesmo motivo pelo qual pântanos cheiram mau: eles estão cheios de fábricas minúsculas de metano.

“Nós descobrimos que a estimativa de emissão de metano por área do reservatório é cerca de 25% maior do que pensávamos, o que é muito significativo, dado o crescimento global na construção da barragens que temos atualmente” contou Deemer ao Washington Post.

Nesse sentido, a descoberta foi feita em uma boa hora, já que líderes mundiais estão perto de ratificar um tratado que irá iniciar um processo de “descarbonização” da economia global. Sabendo de mais um elemento que emite carbono de forma perigosa, podemos fazer escolhas melhores sobre como reduzir a emissão dos gases de efeito estufa.

A solução, é claro, não será abolir os reservatórios, mas levar em consideração a emissão dos gases e fazer cortes mais agressivos onde for possível. E a tarefa será bem mais desafiadora do que imaginávamos.
     
                                                                                               

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